terça-feira, 11 de agosto de 2015

Qual o impacto da crise no financiamento do imóvel?


Especialista responde como os juros, inflação e Taxa Referencial têm impacto sobre o financiamento do imóvel

Editada por Marília Almeida, de Exame.com
Dúvida do internauta: Um financiamento de imóvel já aprovado, com contrato assinado e parcelas decrescentes pré-estabelecidas pode ser prejudicado pela instabilidade econômica do país, por conta da variação da taxa Selic, Taxa Referencial ou da inflação?
Resposta de Marcelo Prata*
A parcela e o saldo devedor do financiamento imobiliário geralmente são corrigidos por uma taxa de juros pré-estabelecida e um índice de mercado. A escolha do indexador é feita antes da contratação do financiamento, na fase de simulações e análise do crédito.
Geralmente, a Taxa Referencial (TR), que corrige a caderneta de poupança e o saldo do FGTS, é utilizada como indexador nesse tipo de financiamento. A TR é calculada a partir da Taxa Básica Financeira (TBF), uma média das aplicações em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) emitidos pelas 30 maiores instituições financeiras do país. 
Em algumas operações, como financiamento de imóveis comerciais, empréstimos onde o imóvel é oferecido como garantia, ou financiamentos realizados por bancos de menor porte e companhias hipotecárias, o índice utilizado pode ser o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), ou o IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado).
Portanto, contratos de financiamento imobiliário corrigidos pela TR estão mais imunes às mudanças da economia, pois tendem a oscilar menos em tempos de instabilidade econômica do que índices que acompanham a inflação.
De qualquer forma, em épocas de crise, como a atual, o governo tende a elevar a taxa básica de juros da economia, Selic, para conter a inflação. Como a taxa básica é usada como referência para a remuneração de investimentos e operações de crédito, os juros pagos pelos CDBs também tendem a aumentar.
Assim, com o aumento dos juros dos CDBs, a TBF tende a aumentar, provocando também a elevação da TR.
Por isso, ainda que financiamentos atrelados a índices inflacionários sejam mais afetados pela crise, os financiamentos de imóveis atrelados à TR, que são os mais comuns entre as pessoas físicas, também podem ficar mais caros.
Mesmo que na compra do imóvel seja comum que os bancos mostrem uma tabela com as parcelas que serão pagas ao longo do financiamento, é importante ressaltar que essas parcelas sofrem uma pequena alteração em função da TR.
Contudo, por mais que essa alteração na TR eleve o valor das parcelas, o aumento não é relevante. Para usar um exemplo fictício, para uma parcela de 3 mil reais, o comprador pode ter de pagar 26,19 reais a mais com uma TR elevada.
*Marcelo Prata é fundador do site de comparação de financiamento imobiliário, Canal do Crédito

terça-feira, 4 de agosto de 2015

O momento de investir em imóveis é agora! Ou você ainda duvida disto?

Enquanto, pessimistas falavam na inevitabilidade da bolha imobiliária, ele defendeu seu ponto de vista contrário e venceu.
Agora, quando as perspectivas são negativas para o mercado imobiliário ele afirma que este é o melhor momento para investir em imóveis. Veja o porquê nesta entrevista de Ricardo Amorim:

Oferta imobiliária
“No mercado brasileiro não tem excesso de oferta. Pode ser que em um nicho muito específico exista algum problema, mas no Brasil como um todo não. Se você pegar o país, em 2013 foram lançadas 196 mil unidades, entre casas e apartamentos, e estima-se que outras 200 mil casas foram erguidas em regime de autoconstrução. Então em um ano você teve quase 400 mil lançamentos. Em um ano o número de casamentos no Brasil é de 1,05 milhão, enquanto são registrados 350 mil divórcios, o que significa 1,4 milhão de novos lares sendo formados. Então está-se formando 1,4 milhão de lares e construindo-se 400 mil unidades em um ano. Isso sem contar o déficit habitacional de 5 milhões ou 6 milhões de unidades.”

Demanda reprimida
“O que não é falta de demanda. O que ocorre é que a demanda se retraiu. Primeiro porque a economia piorou e isso levou as pessoas a considerarem a perda do emprego e com isso nós temos a confiança mais baixa em 10 anos. E quem está assim não troca de carro e nem troca de casa. Há R$ 12 bilhões aprovados nos consórcios em crédito imobiliário já sorteado e essa demanda vai aparecer uma hora e vai ter mais gente comprando no mercado. Essa é uma demanda reprimida que, quando volta, impulsiona os preços.”

Bolha imobiliária?
“Desde de 2007 se fala em bolha imobiliária e que a queda nas vendas levaria a uma redução forte de preços. Ocorre que quando a bolha estourou nos Estados Unidos, o preço dos imóveis caiu até 80% e no Brasil não tem essa bolha, porque o mecanismo de financiamento que existe lá não há aqui. Pesquisei bolhas imobiliárias em 97 países e um fator comum a todas elas era um grau de endividamento grande, com o total de crédito imobiliário superando 50% do PIB. Nos Estados Unidos era de 89% do PIB. No Brasil, o crédito imobiliário significa cerca de 9% do PIB. O raciocínio de que o país teria uma bolha imobiliária está furado.”

Preços dos imóveis
“Em 2014 houve uma queda de venda grande, mas quando você olha o mercado como um todo, os preços continuaram a subir. Ou seja, num cenário de queda de vendas era de se esperar que os preços despencassem, mas o que se tem num curto prazo são as altas de preços desacelerando em função do aumento do desemprego, da falta de confiança do consumidor. Fiz um estudo de preço de imóveis e renda em 562 cidades de 129 países e o que se observa é que onde o padrão de renda é mais alto os preços dos imóveis são mais altos. E o Brasil está perto da média de preços de mercados emergentes e em todos os preços subiram porque essas economias cresceram e surgiu crédito e teve mais gente comprando. E quando a procura sobe, os preços sobem.”

Ajuste fiscal
“O país está passando pelo momento mais difícil em 2015, que é um ano de ajuste. É como um paciente com câncer. A quimioterapia cura a doença, mas o doente se sente pior. Com o tempo, o ajuste vai fazer o investimento crescer. Hoje nós temos uma alta de juros para reduzir a inflação, mas isso vai passar. O resultado vai ser uma economia mais saudável. E com isso a alta de preços dos imóveis deve se acelerar.”

Momento de investir?
“Esta é a melhor hora para investir e a razão é que todo mundo está preocupado e ninguém comprando e nessa situação surgem as melhores oportunidades. Em 2002, quando o dólar chegou a R$ 4, e em 2003, quando a economia cresceu pouco, como neste ano, em que o PIB pode até cair um pouco, quem comprou em 2003 viu o preço do imóvel se multiplicar por duas, três, cinco, 10, 20 vezes. As melhores horas para se investir em imóveis são quando ninguém quer fazer. Com a redução do financiamento, o impacto inicial é a redução da procura. Com menos gente buscando crédito e menos gente comprando, quem tem que vender vende mais barato e essa situação cria oportunidade para quem compra o imóvel.”

Legislação
“O problema de leis de uso e ocupação do solo em busca de melhor qualidade de vida em zonas urbanas mais ocupadas é que elas encarecem o preço dos imóveis para todos. Se o terreno comprado antes tinha um aproveitamento maior e agora esse aproveitamento é menor vai haver um número menor de unidades para pagar o terreno e os novos imóveis lançados serão mais caros, com os que já existem balizando preços. E esse é um fator que deixa de ocorrer enquanto a tendência da economia é de desaceleração, mas vai chegar uma hora em que esse fator (lei de uso e ocupação) vai ser determinante para a alta de preço. Mais um motivo para se comprar antes.”

Perspectiva
“No segundo semestre vai haver algum movimento já de preços voltando a ter aceleração e em 2016 é bastante provável, quase certo, que o cenário será de aceleração do crescimento econômico, com maior geração de emprego e retomada da confiança dos consumidores. No crédito vai haver maior contratação, porque com os juros mais apertados a inflação tende a cair e com isso os juros podem voltar a cair, barateando o crediário. E somando-se a isso a lei de uso e ocupação do solo, a tendência é de aceleração de preços no mercado imobiliário.”


O mercado
“O mercado imobiliário é quase 10% do PIB considerando-se toda a cadeia do setor, do fornecimento de matéria-prima à concessão de financiamento e a construção em si. No ano passado essa participação deve ter caído um pouco e em 2015 talvez caia mais um pouco, mas já em 2016 ela volta a subir. Mas um patamar de 8% a 9% do PIB é bastante significativo. É normal em países em desenvolvimento, e o Brasil se aproxima mais desses países porque quando não há crédito poucas pessoas compram imóveis. Com a expansão do crédito mais gente pode comprar. Mas não foi só a expansão do crédito que incrementou o setor de construção. A mudança da lei de patrimônio de afetação (em 2004), que basicamente separou o que é a construção da construtora, também impulsionou o mercado.”

Decisão de compra
“O primeiro fator na hora da compra é a questão do prazo do investimento, porque o imóvel tem uma característica dupla. Ele não só é um investimento como também é um bem de que você usufrui. No mercado financeiro você ganha ou perde e com o imóvel você usa. Então essa é a primeira característica do investimento em imóvel. E há fatores que são sempre bons de você verificar, como a localização. Esse ou aquele é o melhor lugar, principalmente no Brasil isso é mais importante ainda porque há problemas de transporte e deslocamento nas grandes cidades. Outro fator para quem vai comprar é que nesse momento inicial há por parte de algumas construtoras um estoque de lançamentos e ele vai ser desovado com preços atraentes.”